quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Perdendo os poderes

É ruim saber que nem sempre nós seremos tudo que as pessoas precisam. Esse é um sentimento que não sai dos meus pensamentos há tempos. Desde quando nasci, fui criada em meio a pessoas muito amorosas e que cuidaram e cuidam muito bem de mim, mas junto a isso, tiveram as mentiras, falsidades, histórias, brigas, perdas.. E então eu, como a esponja que sempre fui absorvi tudo o que aconteceu e hoje não é diferente.
Aprendi a ser quem eu sou com muita personalidade, não mudo meu jeito por nada nem ninguém e esse pode ser também meu pior defeito. O que eu quero dizer é simples, aliás, só quero um lugar pra dizer, mesmo que palavras vazias e sem conexão.                
Gosto de amar as pessoas, realmente me sinto bem por fazer algumas pessoas felizes, mas ao mesmo tempo eu sinto como se não tivesse confiança em ninguém, como se quisesse que todos precisassem só de mim. Ciúme e insegurança. Eu as odeio tanto! Pois bem, estou passando por um momento delicado, não só eu como todos na minha casa, meus medos bobos agora, não me assustam mais; chego até a dormir com as cortinas abertas sem medo do que possa estar no escuro. Nunca há nada no escuro. E isso me desconforta. Desconforta porque por vezes e vezes eu desejo o meu mal e desejo que ninguém nunca tivesse me conhecido, ou então que possam me esquecer, pelo simples fato de ter medo de decepcionar as pessoas ou então de que elas me decepcionem. Eu odeio decepções.
Há uns anos que me sinto assim, diria que bem uns 6 anos, quando todos pensaram que era só uma fase boba, de tristeza momentânea que obviamente passaria. É, as pessoas estavam erradas, eu acho. Nesses anos que se passaram, carreguei comigo uma angústia no peito que sempre me leva pros pensamentos que tinha aos 11 anos, pensamentos infantis talvez, mas que ainda fazer muito sentido. Já ouvi algo do tipo "se você não sente, não pode odiar" e me firmo nisso, muito mesmo. Penso que se afastasse todo mundo de mim seria mais fácil, porque assim eu não me machucaria, as pessoas não se machucariam e o melhor, eu não precisaria me despedir de ninguém. Mas infelizmente ou felizmente, eu preciso das pessoas que estão perto de mim, mesmo sentindo todos os dias que elas estão me traindo, que não querem (tanto quanto eu) estarem junto comigo, mesmo sabendo que não sou única em nada.
Direi então uma coisa: esse é um péssimo momento, de um ano que terão poucas boas recordações. Eu poderia aqui, fazer agradecimentos àquelas pessoas que fizeram valer a pena, mas é tão difícil, porque meu TOC, meu transtorno de solidão, não me deixa acreditar sequer, que elas lerão esse texto.
Quero falar de coisas ruins, quero passar a noite inteira chorando no meu quarto, no meu canto e imaginando milhões de coisas que podem sim estar acontecendo longe dos meus olhos, aproveitar também pra pensar no futuro muito próximo, como a noite de natal, da qual não tenho ideia de como será, pois não comemoro isso. Direi mais, estou em um péssimo momento, tudo que eu quero agora é o silêncio e o "estar sozinha", não quero prejudicar mais ninguém.
Queria ter pensamentos bons, eu juro que tentei, não me culpem, mas é difícil porque tanta coisa ruim acontece todos os dias... Me desculpem, sinceramente.
Usarei essa folha pra dizer tudo o que está me incomodando e que quero falar, mas por algum motivo não consigo dizer com a minha voz e sim com os meus sentimentos.
Começarei falando do começo.
1 - Retrospectiva de fatos e suas repercussões em minha cabeça: O ano começou mal, em janeiro, logo nos primeiros dias do mês (tenho como referência a semana seguinte do incêndio na boate Kiss) meu amado gato, que há mais de um ano estava comigo, desapareceu, depois de vir em casa e se despedir, gravemente machucado de todos nós. O Joey. Eu o amava tanto, ele sabia tanto das minhas dores no peito, sabia das minhas vontades mais escondidas, dos meus amores inventados, dos meus choros nas madrugadas frias, mas infelizmente, seu tempo comigo foi mínimo, e depois dessa tal semana, ele nunca mais apareceu.
2 - Em fevereiro, esse mês ficará marcado pra sempre na minha vida, bom, comecei um namoro que hoje já dura 10 meses e não tem tendência nenhuma de acabar. Conheci esse cara maravilhoso que pra minha poesia é o ponto final, como eu mesma o chamo, é o meu "amor lindo", que só me traz alegria e tranquilidade.. Me ajuda sempre que preciso e esteve presente nos momentos mais dolorosos que passei esse ano, mas confesso que tudo que me atrapalha, como disse nas primeiras linhas, é o ciúme e junto com esse, a insegurança de que sempre haverá alguém mais adequado do que eu, mas esforço-me o bastante e acredito em todas as suas palavras e expressões, então, acabo me acalmando, mas não o bastante pra não escrever um texto tão inútil e grande como este. Vou confessar, eu sou uma pessoa doente. Eu sei das coisas, posso saber que o seu celular está ligado, que eu sempre posso ligar e que o meu também está ligado e que ele liga, mas mesmo assim, mesmo com minha certeza mais profunda eu tenho medo de ligar e ele não atender. Eu sou burra, eu tenho medo, as vezes, quase sempre, eu não mereço ninguém.
3 - Depois disso, vem o momento que talvez seja o que acarretou todo o resto de tristeza que me pesa quase todos os dias. Em maio eu perdi minha melhor amiga, minha companheira de verdade, minha cachorrinha, a Hanna. Ela era a cadela mais linda do mundo inteiro, conversava com os olhos e com os latidos personalizados que fazia. Ah, minha linda, se eu pudesse voltar no tempo sabendo disso tudo, eu te protegeria da morte, te protegeria de pegar esse vírus idiota e te proibiria de sair de perto de mim, minha flor. Sabe, se eu ao menos acreditasse que você pode me ouvir, se eu tivesse a certeza de que você olha pra mim, eu te pediria desculpas e diria que morro de vergonha por não ter conseguido te salvar, de não ter forças o suficiente pra fazer com que você aguentasse e estivesse aqui até hoje. Minha grandona.
4 - Agora, o que está acontecendo. Meu mestre, pai, criador, senhor, amigo.. meu avô. Que sempre foi a melhor pessoa do mundo todo, que se não fosse sua bondade juntamente com minha avó, eu provavelmente não estaria aqui escrevendo esse monte de bobagem. Primeiro, eu tenho que agradecer, agora sim, aliás, tinha que dar minha vida e muito mais pra poder dizer o quanto eu amo meus avós. E agora ver o vô encima de uma cama, mal conseguindo levantar de novo e caindo no banheiro, tendo que pedir ajuda e se diminuir pros outros como ele mesmo diz, tendo melhoras e pioras quase ao mesmo tempo e fazendo com que todos nós pensemos no pior e no melhor e fiquemos com dúvidas e arrepios. Fazendo coisas desnecessárias, nos estressando e ao mesmo tempo fazendo que eu queira dar tudo que ele pede, fazer tudo que ele quer e ouvir todos os seus desaforos, porque eu tenho a certeza que ouvir isso tudo é melhor do que não poder ouvir mais a sua voz.
5 - Depois, um susto, agora do meu pai que arrumou uma doença rara e ficou muito debilitado. Mas o mesmo já está bem melhor, graças ao empenho no tratamento e força de vontade. Sabe, eu sempre fui meio distante do meu pai, bem, quando os pais se separam e um deles fica mais longe, as vezes o convívio é mais difícil até mesmo por causa da distância e tudo mais, mas eu posso dizer aqui, com sinceridade que eu sofri demais quando tive uma chance de o perder. E ainda hoje, fico preocupada demais e me sinto mal quando penso nisso, mas sei que tudo ficará bem com ele e que um dia eu poderei dizer mais do que está nesse texto pra ele, e mostrar que apesar dos pesares eu o amo demais também e faço qualquer coisa para o ver bem.
É, esses são os fatos que marcaram o meu 2013 e que com certeza não sairão de mim tão cedo, mas eu tento pensar positivo e continuar andando pra frente, pra que ninguém perceba que eu olho demais pra trás, que eu talvez precise de tudo o que está guardado.
A verdade é que eu não consigo lidar com incertezas e é o que mais tem na vida, afinal, a gente nunca sabe o que pode acontecer  daqui 1 segundo.
Tenho medo de ficar sozinha, as vezes.. Essa seria uma boa carta de despedida.
Quem sabe eu esteja me despedindo desse ano de 2013 que daqui uns dias deixará de existir pra sempre, e com ele, que por favor, vá toda a minha insegurança e falta de senso.
Agora, eu continuo aqui, chorando como uma criança da qual foi tirado um doce, a força. Nessa noite de incertezas..
Obrigada!


Giulia Marla de Lima Costa
19/12/13
23:24h
Editado - 23/12/2013
13:05h

Nenhum comentário:

Postar um comentário